domingo, 15 de novembro de 2009

Belluzzo: afinal, quem é o presidente do Palmeiras?

Calmo economista ou intempestivo presidente. Belluzzo é os dois

Aos poucos, o calmo economista e presidente Belluzzo começa a mostrar uma passionalidade que só os mais próximos conheciam

Aos poucos, o calmo economista e presidente Belluzzo começa a mostrar uma passionalidade que só os mais próximos conheciam (Crédito: Ari Ferreira)

PEDRO ANTUNES

Luiz Augusto Belluzzo, irmão do presidente do Palmeiras, assistiu ao jogo contra o Fluminense, em casa, ao lado do neto, em 9 de novembro. Viu lá o gol de Obina, anulado por Carlos Eugênio Simon. Gol que poderia ter mudado a História daquela partida, a História do Campeonato Brasileiro. Com a derrota, por 1 a 0, o Palmeiras perdia a liderança após 19 rodadas. À noite , ele comentou com sua esposa:

– Escute o que estou dizendo, o Gonzaga não vai se segurar.

Não deu outra. Belluzzo, o irmão presidente, estourou.

– Eu que o encontre na rua, porque não tenho medo de ninguém. Tenho 67 anos e, se encontrar o Simon na rua, eu dou um tapas nesse vagabundo – disse ao LANCE!.

Tais atitudes não condizem com sua imagem de economista escolhido, em 2001, entre os 100 melhores do mundo no século 20, no livro inglês “Biographical Dictionary of Dissenting Economists”.

Porém, desde pequeno, Luiz Gonzaga Belluzzo não aliviava. No campinho de areia do Colégio São Luiz, em São Paulo, o garoto que adorava sanduíche de mortadela tornava-se um jogador viril. Dividia toda jogada como se fosse a última. Brigas, no entanto, não aconteciam.

– Os padres jesuítas não deixavam – conta, aos risos, o amigo Luis Álvaro Ribeiro, hoje candidato da oposição à presidência do Santos.

Luiz Gonzaga Belluzzo foi morar no Rio de Janeiro e, lá, cursou um preparativo para o seminário no Colégio Santo Inácio. Certa vez, mesmo noviço – segundo o irmão um ano e meio mais novo –, quando o atual presidente do Verdão estava perdendo uma partida de futebol de botão, abandonou-a.

– Ele sempre foi estressadinho (risos) – conta o irmão.

Mais velho, Belluzzo tornou-se um economista respeitado. Um dos melhores na linha de pensamento keynisiana, baseada na teoria do econômica criada pelo inglês John Keynes, que explica as crises e, principalmente, o papel do Estado na economia.

– No ambiente acadêmico, é centrado, sério – diz o economista Manfred Back, amigo há oito anos.

Portanto, é no futebol, sua paixão, que o economista se transforma. A explicação para tal mudança é dada por quem o conhece bem:

– É o sangue italiano. Italiano tem sangue quente – explica o amigo, palmeirense e governador do Estado de São Paulo José Serra. – Eu também sou assim quando o assunto é futebol.


E é isso mesmo, quando se trata de futebol, enfim, política e economia dão lugar à paixão de Belluzzo. Não serve como desculpa, mas é compreensível.


Confira agora um bate-bola com Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras:

LANCENET!: Na economia, qual linha ideológica o senhor segue?
Luiz Gonzaga Belluzzo: Sou fundamentalmente keynesiano. De John Keynes. Enquanto conversamos, aliás, estou olhando para dois livros dele aqui ao meu lado.

LNET!: Por que essa escolha?
LGB: A visão que ele tem da economia é a mais adequada. É o que explica melhor as crises.

LNET!: Dá para segui-la na presidência de um clube de futebol?
LGB: Não existe uma passagem do nível mais geral, da macroeconomia (do que o keyneanismo trata), para um nível de um clube de futebol. No futebol, deve-se ver o que o clube precisa para ter equilíbrio orçamentário, ter despesas adequadas. É mais uma visão de administrador do que de um economista.

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